A ARTE DE LIDERAR
O mundo de hoje está mudando de uma forma extraordinária... as mudanças
antigamente levavam décadas para acontecer e hoje estão acontecendo em meses e
às vezes até em dias....
Com isso, o Líder de hoje é muito diferente do de antes, pois ele deve
ser muito mais um sábio do que um técnico... deve acompanhar todas as mudanças...
além disso antigamente o bom Líder era aquele que sabia mandar, e hoje ele deve
saber compartilhar e investir nas pessoas para que elas dêem o melhor de si
mesmas.
Quando falo sobre o Líder, estou falando de qualquer pessoa, de qualquer
idade, que atue na Vida desta maneira... pode ser uma criança liderando seus
amiguinhos na hora de brincar; um adolescente liderando sua "tribo";
uma dona de casa liderando seu lar; um atleta liderando seu time; um gerente
liderando seus colaboradores.....
Liderar é uma maneira de agir, uma maneira de ser, não é algo somente de
fora, somente para outros, para pessoas famosas. É uma parte natural da Vida.
Liderar é desenvolver a visão do que é possível e ser capaz de inspirar
outros a ajudá-lo a realizar estas possibilidades.
Ser Líder significa desenvolver competência e talento internos
completamente.
Vivemos em Sistemas o tempo todo... começando pelo nosso Sistema Interno
(partes e órgãos internos), nosso Sistema Familiar, Profissional, Social,
Comunitário, até o Sistema da Natureza, o Sistema Solar, o Universo... fazemos
parte direta ou indiretamente de todos eles e eles interferem em nossas Vidas.
Então, para ser um bom Líder, a pessoa precisa primeiro saber liderar
bem seu Sistema Interno pois sem Auto-Conhecimento, sem conseguir "dirigir
seu próprio carro", como é que alguém pode querer dirigir outras pessoas?
Antigamente víamos líderes que só sabiam mandar e que perdiam completamente o
controle de si mesmos por coisas bem pequenas... hoje estes perdem é a condição
de serem líderes!!!
Depois a pessoa deve conhecer os Sistemas que fazem parte de sua Vida
para poder viver de forma congruente. Não tem nada mais desagradável do que
alguém que quer ser Líder falar algo e fazer outra coisa diferente... ou seja,
não agir de forma congruente com suas palavras.
Em Inglês há a expressão "walking my talk" que fala exatamente
sobre isso... quando o Líder fala uma coisa e faz outra, como conseqüência
perde credibilidade.
Outra coisa muito importante nos dias de hoje é a filosofia do
"ganha/ganha", ou seja, o bom Líder é aquele que sempre age de forma
que todos os envolvidos saiam ganhando... o Líder que "passa por
cima" das pessoas está "por fora"!!!
Hoje e cada vez mais o mundo está transformando a Competitividade pela Cooperação
e o Líder deve ser o primeiro a atuar desta forma.
Líderes! Vamos juntos ajudar o Mundo a completar esta transformação!
* Deborah
Epelman – NLP Advanced Trainer e-mail: deborah@pac.com.br
Escutatória - Rubem Alves, escritor.
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo
mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de
escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela
revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam
assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.
Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por
delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou".
E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das
palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz
mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os
outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Assassinos Organizacionais
|
por Luiz Carlos Moreno
|
Na sua organização existem assassinos... Você sabia ? Você é capaz de identificá-los? Não se assuste. Você pode ser um deles. Alguns indícios para identificá-los são as frases e expressões por eles usadas para desmotivar, bloquear a criatividade, matar idéias "no ninho". Relacionamos uma amostra:
148 Frases Assassinas de Idéias 1 - Isso não me entusiasma nem um pouco. 2 - Ninguém vai comprar isso! 3 - A gente já tentou isso antes e não funcionou. 4 - Isso não se adapta ao nosso sistema. 5 - E quem é que vai fazer? 6 - Esse negócio vai custas uma grana! 7 - O diretor não vai gostar... 8 - Não está de acordo com os nossos padrões. 9 - Nós estamos preparados para fazer isso? 10 - Pelo amor de Deus! 11 - No duro mesmo, você não quer dizer isso, quer? 12 - Não se mexe em time que está ganhando. 13 - Ah, mas o computador não vai conseguir processar! 14 - Isso não faz parte da nossa imagem. 15 - Não é do nosso jeito. 16 - É simples demais! 17 - É complicado demais! 18 - Mas, até que ponto isso é válido? 19 - Não vai dar tempo de fazer. 20 - O que é que o pessoa vai dizer, hein? 21 - Não é a nossa... 22 - A gente está encompridando demais. 23 - O último que apareceu com essa idéia não está mais aqui. 24 - Boa idéia, mas implica em alguns custos... 25 - Isso é uma bobagem! 26 - O que é que isso tem de novo? 27 - E daí? 28 - Espere só até a gente ver quanto custa. 29 - A gente nunca fez nada igual, ou não? 30 - Alguém já fez alguma coisa igual, ou não? 31 - Você sabe que a gente tá numa bruta recessão, pô! 32 - De cara, eu não gosto. 33 - Você deve estar brincando! 34 - Eu ligo para você depois, tá? 35 - Ninguém vai dar bola pra isso. 36 - Fica melhor assim, quer ver? 37 - Desculpe, mas isso é uma droga. 38 - (Risos...) 39 - (Silêncio...). 40 - Argh! 41. Essa não é sua função. 42 - Isso não é trabalho seu. 43 - O que isso soluciona, cria de problemas. 44 - Isso não está de acordo com o jeito que a gente faz as coisas aqui. 45 - Eu já ouvi essa história antes. 46 - Eu já vi esse filme antes. 47 - Vamos formar um grupo de trabalho para estudar esse assunto. 48 - Vamos fazer uma pesquisa...49 - Semana que vem a gente fala disso. 50 - Isso só vai trazer pepinos. 51 - Por mim, tudo bem, mas... 52 - Os homens não vão deixar. 53 - Humm... 54 - Humm? 55 - Ah! Realmente. 56 - Ah, eu pensei que você fosse dizer outra coisa. 57 - Deixe comigo, eu vou estudar isso. 58 - Lembre-se que o nosso cliente é muito carente. 59 - Isso vai ferir a nossa imagem. 60 - Não é factível e pronto. 61 - Vamos ser realistas... 62 - Isso não é do meu departamento. 63 - Não vem que não tem. 64 - Tá fora de questão e ponto final. 65 - Não bagunce o coreto... 66 - Vamos lá, fale sério. 67 - Você está realmente propondo isso? 68 - Grande idéia, mas não para nós. 69 - Eu tenho uma idéia melhor. 70 - Todo mundo vai dizer que somos uns idiotas. 71 - Todo mundo vai dizer que somos uns apressadinhos. 72 - O que o público vai dizer? 73 - Vai ver isso no próximo mês. 74 - Estão falando nisso há anos. 75 - Não vai vender... 76 - Não vai funcionar. 77 - Não vai emplacar... 78 - Vai passar em branco. 79 - Vai pisar no calo de muita gente. 80 - O que é que os homens vão dizer? 81 - Deixe-me brincar de advogado do diabo. 82 - As feministas vão cair matando. 83 - Obviamente você interpretou mal o pedido. 84 - Você pensou nisso a fundo? 85 - Nós precisamos de alguma coisa mais excitante. 86 - Você realmente acha que funciona? 87 - Ninguém vai entender sobre o que você está falando. 88 - Ninguém vai saber de onde você tirou essa. 89 - Este é um assunto para outra reunião. 90 - Papo furado... 91 - Pô, outra vez? 92 - Isso resolve apenas uma parte do problema. 93 - Desse jeito nós vamos pro brejo. 94 - Por que esquentar com isso? 95 - Tente outra vez. O caminho é esse, mas... 96 - É, mas esse é um outro lado da história. 97 - Isso é muito tentador, mas... 98 - Isso é muito interessante, mas... 99 - Isso é realmente fantástico, mas... 100 - Tá, mas... 101 - Nunca fizemos isso assim. 102 - Não vai dar certo. 103 - Não dispomos de pessoal. 104 - Não dispomos de tempo. 105 - Não dispomos de verba. 106 - Não dispomos de recursos nem de tecnologia. 107 - Muito bom em teoria, mas na prática. 108 - Muito acadêmico. 109 - Muito moderno. 110 - Muito antiquado. 111 - Muito ousado.112 - Se fosse bom alguém já teria sugerido. 113 - Vamos ver isso outra hora. 114 - Você não entende nosso problema. 115 - Somos uma empresa muito pequena para isso. 116 - Já temos outros projetos. 117 - Estamos fazendo assim há vinte anos, para que mudar? 118 - Vamos pensar por algum tempo e aguardar os acontecimentos... 119 - A produção não vai aceitar. 120 - Vamos mais devagar. 121 - O sindicato vai gritar. 122 - Outra vez? 123 - Vamos por isso no papel. 124 - Não vejo a relação. 125 - O regulamento não permite. 126 - Vai provocar reações violentas. 127 - Parece bom mas não creio que dê certo. 128 - Vai aumentar o nosso trabalho. 129 - É muito cedo. 130 - É muito tarde. 131 - Se tivesse sugerido antes... 132 - Você não conhece o assunto. 133 - Nenhum novato vai querer me ensinar como fazer o meu trabalho. 134 - De tanto pensar morreu um burro. 135 - Cada um deveria resolver o problema de seu departamento. 136 - Isso é modismo, fogo de palha. 137 - Isso não faz parte da minha empresa. 138 - Sempre foi feito assim. 139 - De quem é a culpa? 140 - Temos que confiar desconfiando. 141 - Você é pago para fazer e eu para pensar. 142 - Não há clima para falar dessas coisas. 143 - Isso só funciona no Japão. 144 - Não há nada errado que uma redução de custos não ajeite. 145 - Amanhã faremos um plano. 146 - Isso precisa de mais análise. 147 - O que o chefe não sabe não causa dano. 148 - Voltemos ao verdadeiro trabalho. Uma irmã gêmea da frase assassina que é muito utilizada para matar uma idéia, é a frase apologética que o próprio autor de uma idéia utiliza como introdução. Eduque-se para apresentar e defender idéias não com desculpas, mas com confiança. Portanto, quando você for apresentar ou defender uma idéia, nunca comece sua argumentação ou apresentação com essas frases: 1 - Isso pode não ser aplicável, mas... 2 - Só fizemos alguns testes preliminares... 3 - Isso pode não dar certo, mas... 4 - A fórmula é meio maluca, mas... 5 - Não sei se precisamos disso, mas... 6 - Pode não levar a nada, mas... 7 - Não sei se temos verba, mas... 8 - Será que vamos criar problema se... 9 - Acha que seria possível nós... 10 - Pode parecer inoportuno, mas... 11 - Pode levar muito tempo, mas... 12 - Não sei bem o que o senhor quer, mas... 13 - Você provavelmente também tem idéias acerca disso, mas... 14 - O senhor não vai gostar, mas... 15 - É contrário às normas, mas... 16 - A ocasião pode não ser propícia, mas... 17 - Esta idéia parece inútil, mas... 18 - O senhor pode fazer isso melhor, mas... 19 - Se eu fosse mais jovem e tivesse saúde... 20 - Acho que nossos concorrentes já experimentaram, mas... 21 - Não estou muito familiarizado com o assunto, mas... 22 - Talvez fique muito caro, mas... 23 - Não sei o que diz a literatura sobre o assunto, mas... 24 - Não está muito dentro do assunto, mas... 25 - Não examinei todos os ângulos, mas... 26 - O senhor vai rir, mas... 27 - Minhas opiniões não são muito brilhantes, mas... 28 - Não sou gênio, mas... 29 - Vai ser difícil convencer o velho, mas... 30 - Não tenho muito entusiasmo pelo assunto, mas... 31 - Pode não ser importante, mas... 32 - Isso precisa ser mais estudado, mas... 33 - Caso o senhor aceite a sugestão de um principiante... 34 - Não conheço todas as complexidades, mas... 35 - Fulano é contra, mas... 36 - Sei que não vai resolver o problema, mas... 37 - Se eu estiver errado diga, mas... 38 - É uma idéia muito sumária do que tenho em mente, mas... Uma vez demonstrado o perigo da frase assassina ou destruidora de idéias, as pessoas procuram fugir do hábito, mas ele está tão arraigado na nossa vida funcional que precisamos nos reeducar para pensar criativamente, pensar de modo positivo e não negativo. Sugestão bibliográfica - - A Arte de Apresentar Idéias Novas, Eugene Raudsepp - 99 Maneiras de Matar Uma Idéia, artigo de Alex Periscinoto, Folha de São Paulo Luiz Carlos Moreno Pedagogo, Especializado em Andragogia, Pós Graduado em Administração da Educação e em Didática do Ensino Superior, Professor Universitário, Coordenador de Educação na TEADE s/c ltda. Consultoria, Educação e Informática e Consultor do SENAC.
A mente humana e suas programações
A mente humana grava e executa tudo que lhe é enviado, através de palavras, pensamentos ou atos, seus ou de terceiros, sejam positivos ou negativos, basta que você os aceite. Essa ação, sempre acontecerá independente de trazer ou não resultados positivos para você. Um cientista de Phoenix - Arizona - queria provar essa teoria. Precisava de um voluntário que chegasse às últimas conseqüências. Conseguiu um em uma penitenciaria. Era um condenado à morte que seria executado na penitenciária de St Louis no estado de Missouri onde existe pena de morte.
Propôs a ele o seguinte: ele participaria de uma experiência científica, na qual seria feito um pequeno corte em seu pulso, o suficiente para gotejar o seu sangue até a ultima gota final. Ele teria uma chance de sobreviver, caso o sangue coagulasse. Se isso acontecesse, ele seria libertado, caso contrário, ele iria falecer pela perda do sangue, porém, teria uma morte sem sofrimento e sem dor.
O condenado aceitou, pois era preferível do que morrer na cadeira elétrica e ainda teria uma chance de sobreviver.
O condenado foi colocado em uma cama alta, dessas de hospitais e amarraram o seu corpo para que não se movesse. Fizeram um pequeno corte em seu pulso. Abaixo do pulso, foi colocado uma pequena vasilha de alumínio. Foi dito a ele que ouviria o gotejar de seu sangue na vasilha. O corte foi superficial e não atingiu nenhuma artéria ou veia, mas foi o suficiente para ele sentisse que seu pulso fora cortado.
Sem que ele soubesse, debaixo da cama tinha um frasco de soro com uma pequena válvula. Ao cortarem o pulso, abriram a válvula do frasco para que ele acreditasse que era o sangue dele que está caindo na vasilha de alumínio. Na verdade, era o soro do frasco que gotejava.
De 10 em 10 minutos, o cientista, sem que o condenado visse, fechava um pouco a válvula do frasco e o condenado pensava que era seu sangue que estava diminuindo.
Com o passar do tempo, foi perdendo a cor e ficando fraco. Quando os cientistas fecharam por completo a válvula, o condenado teve uma parada cardíaca e faleceu, sem ter perdido sequer uma gota de sangue.
O cientista conseguiu provar que a mente humana cumpre, ao pé-da-letra, tudo que lhe é enviado e aceito pelo seu hospedeiro, seja positivo ou negativo e que a morte pode ser orgânica ou psíquica.
Essa história é um alerta para filtramos o que enviamos para nossa mente, pois ela não distingue o real da fantasia, o certo do errado, simplesmente grava e cumpre o que lhe é enviado.
"Quem pensa em fracassar, já fracassou mesmo antes de tentar".
revista "Super Interessante" de Julho 2002
A mente, a metáfora e a saúde
James Lawley e Penny Tompkins
Este artigo explica porque a metáfora é um caminho natural para descrever a doença e a saúde, a importância do reconhecimento das metáforas do paciente/cliente e como trabalhar por dentro dessas metáforas pode ativar o processo de cura pessoal de um indivíduo.
O uso de metáforas e de símbolos no processo de cura data de milhares de anos. Nos dias de hoje, médicos praticantes treinados tradicionalmente fazem uso da metáfora e de imagens em pacientes com câncer e outras doenças. Um novo processo, a Modelagem Simbólica, explicado em detalhes em nosso livro, "Metaphors in Mind: Transformation through Symbolic Modelling", segue essa tradição.
As metáforas definem a realidade
Por longo tempo, as metáforas foram vistas como "meramente figurativas" e consideradas uma maneira inadequada de descrever experiências. Hoje, muitos cientistas cognitivos, linguistas e filósofos reconhecem que "Em todos os aspectos da vida... nós definimos a nossa realidade em termos de metáforas. Nós fazemos inferências, estabelecemos metas, nos comprometemos e executamos planos, tudo na base de como nós estruturamos em parte a nossa experiência, consciente ou inconscientemente, por meio da metáfora." E como muitos profissionais da área da saúde descobriram, as metáforas podem desempenhar um papel vital no processo de cura.
Uma montanha árida com neve no topo
Uma dermatologista que faz uso da Modelagem Simbólica, Dra. Justina Cladatus, relata: "Um dos meus pacientes tinha problema de alopecia areata (calvície irregular). A sua metáfora inicial para o sintoma era de uma montanha árida com neve no topo. Conforme o processo se desenvolvia, ele se descobriu atado a uma parede com uma corda marrom escuro num quarto escuro e cinzento com apenas uma pequena janela trancada. Sua metáfora foi evoluindo até ele estar de pé ao lado de um poço branco num bonito vale cheio de flores amarelas e uma vegetação verde. O poço era uma fonte de água fresca. Durante esse tempo, a neve derreteu, e a montanha se tornou uma pequena colina com árvores crescendo nela. E o seu cabelo começou a crescer de novo."
Coelhinhos e cenouras de câncer
Peter Hettel foi diagnosticado com câncer de sinus. Após a cirurgia, seu câncer retornou, e aí ele começou a trabalhar com imagens e símbolos. Peter descobriu que suas células imunológicas eram como "coelhinhos se banqueteando nos campos de cenouras-câncer cor de laranja, as quais aumentavam sua energia e apetite sexual, e por isso eles faziam sexo e surgiam mais coelhinhos que também ficavam esfomeados e comiam mais". Uma manhã, ele percebeu, com surpresa, que ele não conseguia encontrar cenouras suficientes para todos os seus coelhos! Umas semanas depois ele literalmente cuspiu fora o seu tumor. Seu médico disse "Era como se seu corpo tivesse rejeitado um objeto estranho, como uma rejeição de transplante, como que expelida pelo seu corpo. Eu não tenho explicações para isso".
Metáfora em consultas de saúde
Os pacientes, muitas vezes, usam a metáfora espontaneamente na conversa para descrever seus sintomas. Um médico declara: "Meus pacientes, classicamente, descrevem as dores com metáforas com algo nodoso, apertando ou queimando. Eu descobri que os pacientes com câncer usam particularmente metáforas vívidas: ‘isso está me corroendo’ ou ‘eu estou com medo que isso se espalhe rapidamente’."
Um recente estudo das expressões metafóricas usadas por médicos e pacientes, concluiu que: "Se na verdade as metáforas são a personificação da experiência, em vez de, ou bem como, analogias superficiais em prol da lucidez, a compreensão da metáfora é tão importante para os médicos como é a compreensão das crenças de saúde do paciente". Depois de registrar 373 consultas de 39 clínicos gerais, o estudo descobriu que isso pode ser verdade embora "não existam diferenças significativas entre os médicos e o uso que eles fazem de metáforas particulares... existem algumas claras distinções entre as metáforas dos médicos e dos pacientes". Os médicos tendem a usar metáforas que assumem que o corpo é uma máquina (o trato urinário é o "sistema hidráulico", os corpos podem ser ’reparados’, as juntas sofrem ‘desgaste’); as doenças são quebra cabeças (sintomas são ‘pistas’ para os ‘problemas’ que têm que ser ‘solucionados’) e o médico é um controlador (eles ‘administram’ a medicação para ‘controlar’ os sintomas e ‘comandar’ a doença).
As metáforas dos pacientes, por outro lado, eram mais vívidas, expressivas e idiossincrásicas (é "como se o Satanás tivesse entrado nela", "eu sou o homem feito de algodão", "é como uma lanterna chinesa", "é como se isso ficasse cada vez mais apertado", "é como se eu tivesse levado uma surra no corpo"). Mesmo quando os médicos e os pacientes usam as mesmas palavras (como ‘tensão’, ‘relaxamento’, ‘nervos’), os médicos tendem a usá-las literalmente enquanto os pacientes as usam metaforicamente. Os pacientes usam metáforas como ‘pesado’, ‘penetrante’ e ‘afiado’ para descrever dores e sofrimentos, mas essas palavras nunca foram usadas pelos médicos que tomaram parte nesse estudo.
Além de serem poucas as metáforas usadas igualmente pelos médicos e pacientes – doença é um ataque (coração, asma e ‘ataques’ de pânico, ‘luta’ contra a infecção) e doença é ardência, fogo (a dor que ‘queima’, estado ‘inflamatório’, sintomas ‘explodindo’) – podemos concluir que médicos e seus pacientes falam línguas diferentes. Não é de admirar que tantos pacientes ressintam-se de não serem ouvidos, e que ocorram erros de comunicação. Um relatório do Institute of Medicine sobre erros médicos estima que nos Estados Unidos "morrem entre 44 e 98 mil pacientes hospitalares a cada dia por erros médicos evitáveis... que morrem mais pessoas por dia por causa dos erros do que de câncer de mama ou de acidentes de trânsito; mais da metade dessas mortes são evitáveis... Erros resultam de percalços na prescrição, lacunas na comunicação e de um quadro de funcionários distraídos."
Se os profissionais da saúde fossem treinados para reconhecer as metáforas dos pacientes, para aceitá-las como uma descrição acurada da doença e estivessem atentos ao seu próprio uso das metáforas, então aquelas "lacunas na comunicação" poderiam ser consideravelmente reduzidas. Como diz Margaret Lock em "Uncommon Wisdom" : "No processo de cura, a parte mais importante da comunicação ocorre a nível metafórico. Por essa razão você tem que ter metáforas em comum".
(...)
Para concluir
Metáforas e símbolos são uma maneira natural de descrever sintomas e saúde. Há um grande benefício para os profissionais que cuidam da saúde aprenderem como reconhecer as metáforas que as pessoas usam, como trabalhar dentro dessas metáforas e como fazer isso pode influenciar a cura e o bem-estar.
Metáforas usadas pelos pacientes e clientes podem ser idiossincrásicas, mas não são aleatórias. Elas contêm uma organização que representa o sistema mente-corpo que as produziu. Por meio da identificação, do desenvolvimento e da evolução das metáforas geradas pelo cliente com perguntas da Modelagem Simbólica e da Linguagem Limpa, a informação é gerada e a cura orgânica pode acontecer.
Não importa que tipo de trabalhador da saúde você é – clínico geral, consultor, aquele que trabalha no corpo físico, espiritual ou energético, psicoterapeuta ou practitioner de medicina complementar – seus clientes e pacientes irão usar metáforas e símbolos para descrever a experiência subjetiva deles. Nós encorajamos que você os ouça e faça perguntas claras sobre essas metáforas e símbolos. Depois, simplesmente note os resultados.
James Lawley e Penny Tompkins são psicoterapeutas registrados na Grã Bretanha pela United Kingdom Council for Psychotherapy (UKCP). Eles moram em Londres e ensinam no mundo inteiro. São os autores de Metaphors in Mind: Transformation through Symbolic Modelling. Podem ser contatados na The Developing Company no site www.cleanlanguage.co.uk
Esse artigo está publicado sob o título "The Mind, Metaphor and Health" no site www.cleanlanguage.co.uk
Tradução JVF, direitos da tradução reservados.
Estamos utilizando as mudanças ortográficas nos artigos novos. |
Repassando Textos e Artigos
Assinar:
Postagens (Atom)