Por que temos tanta dificuldade para dizer “não”? Será que é
porque temos a mesma dificuldade em receber um? Por que associamos o “não” à rejeição?
Uma palavrinha tão pequenina que pode carregar muitas frustrações, fato. É
assim que pensamos o “não”. Nem lembramos que foi depois de alguns “não(s)” que
reformulamos projetos, mudamos de estratégia, seguimos por outros caminhos, ou
até mesmo nos sentimos mais firmes em nossos propósitos.
O motivo que nos faz rejeitar a possibilidade de receber um “não”
pode também está vinculado à nossa necessidade de manter a situação. O “sim”
normalmente é bem aceito significa aprovação, caminho certo, manutenção de uma ideia,
desejo atendido, respeito. Receber um “não” significaria o oposto disto dito,
bem como, a possibilidade de ter que mudar. E de um modo geral, detestamos
mudanças, detestamos imprevistos, vivemos em uma realidade altamente mutante e,
no entanto, é disso de que temos mais medo: de mudar.
A mudança tão temida que o “não” pode proporcionar pode ser
aquela mudança necessária e esperada, pode significar que precisamos mudar para
uma postura mais definida, clara, assertiva, ou até persistente e paciente. Ainda
pode indicar a necessidade de recuo para rever a situação e agir com precisão
no momento seguinte. Pode significar que
estamos precisando de aperfeiçoamento ou de foco. Ou ainda a necessidade de independência e até mesmo de ver a situação por outro ângulo.
Para o vendedor o sim é a sua aprovação, o fechamento de uma
venda. No entanto o que o fortaleceu e testa constantemente sua técnica, sua
fibra, foram os “nãos” que recebeu até então.
Para o filho o sim é a realização de todos os seus desejos
(naquele momento), no entanto o “não” é que vai ensinar-lhe limites, o cuidado
consigo, o respeito pela hierarquia familiar e a lidar com as frustrações da
vida.
Para o funcionário que não é acatado em seu pedido de
aumento, o “não” é a frustração de suas realizações financeiras, mas também representa
a possibilidade de repensar sua dedicação ao trabalho, sua carreira e empresa
onde trabalha, poderá definir aperfeiçoamento profissional e até a busca por
oportunidade em outro empregador.
E por aí vai. Quando recebemos um “não” está nos sendo dada
a oportunidade de modificar algo ou mesmo de rejeitar um caminho. Esta sendo
testada nossa resistência e resiliência. O “não” pode abrir ou fortalecer
caminhos, pode nos ensinar a paciência e a perseverança.
O “não” é um aliado no
autoaperfeiçoamento pessoal ou profissional. O “não” pode ser um bom começo.
Se pensarmos assim, pode ficar mais fácil dizê-lo. É importante
dizer um “não” consciente e com clareza de intenções. O “não” limpo de raivas,
vingança ou indiferença pode ser renovador. Da mesma forma que o “Sim” muitas
vezes, o “não” não só pode, como deve, vir acompanhado de palavras de incentivo.
Esclarecimentos feitos de forma contundente fazem desse momento uma
oportunidade a mais no exercício da responsabilidade e da preservação de si
mesmo.
O “não” pode proporcionar ao outro novas escolhas, o
reconhecimento dos próprios limites e dos limites do outro, o fortalecimento da
paciência e da perseverança. Quando dizemos um “não” estamos apontando para
outra direção e oferecendo a oportunidade para alguém buscar outro caminho.
O “não” em si são apenas 3 letrinhas. Que significado damos
à “ele” eis a questão. Como lidamos com o “não”? O que o “não” significa pra nós?
Sabemos dizer não? Pensando um pouco mais podemos deduzir que muitos “sim(s)”
podem ter sido mais prejudiciais em nossas vidas do que os “nãos” que recebemos
ou deixamos de emitir.
Vamos exercitar formas construtivas de dizer “não”?